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3 de fevereiro de 2010

A polémica Mário Crespo

Embora sem autorização de Mário Crespo, estou em crer que o ilustre jornalista não se vá importar que publique o seu artigo de opinião neste blogue.

Aqui fica ele:


O Fim da Linha


Mário Crespo


Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.


Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.
 
Ora, o que dizer?
 
Que o Sócrates é podre? Sim, o Sócrates é podre.
 
A Comunicação Social sempre foi incómoda para os poderes instituídos. Numa altura em que o Governo passa por assumidas dificuldades, afinal, os tempos da maioria já lá vão, há que ser corrupto e "calar" quem não nos interessa. Mas, para além de podre, Sócrates assume aqui o seu lado de estúpido. Se quer calar o Sr Mário Crespo, ao menos que combine isso numa reunião particular e não num espaço público! É como os putos que roubam chocolates e depois aparecem lambusados.
 
Mas o que se passa aqui é grave, é bastante grave. É um atentado deliberado à iberdade de expressão, de pensamento! E, tal como relembra Mário Crespo na sua crónica, já se calou a Moura Guedes, um explícito contra-poder!, e já se calou o Marcelo. E quem se calou também foi esse tal executivo de televisão, que devia estar tudo menos calado!
 
Acerca do "caso Marcelo", devo dizer que se o Sr António Vitorino não tem mais disponibilidade para comentar, o que a RTP deveria fazer era arranjar alguém da sua força política que tomasse o seu lugar e não extinguir o outro programa!
 
O pior disto tudo é, de facto, que para a semana já ninguém se lembra de nada e os jornalistas vão-se calando, porque cada vez ganham menos e querem ter pão na mesa. Por isso é tão importante aquela parte da deontologia que diz que o jornalista deve ter condições económicas asseguradas para que possa exercer a sua profissão com modos!
 
Avé Mário Crespo que não te calaste!

1 comentário:

  1. Anónimo5/2/10 14:45

    "É como os putos que roubam chocolates e depois aparecem lambusados". Podias ter ficado por aqui, esta tirada diz tudo:P

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